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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Texto de Clive Davis , no Album duplo póstumo "Joplin In Concert" 1971

TEXTO SOBRE JANIS JOPLIN QUE SERVIRIA MUITO BEM PARA DESCREVER AMMY WINEHOUSE.

por Gilberto Alves, sábado, 23 de julho de 2011 às 21:29

Janis Joplin literalmente nasceu para o mundo, aparecendo pela primeira vez no Monterey Pop Festival, no verão de 1967.

Ela era, então, apenas uma desconhecida, à quem estava sendo dada a oportunidade de se apresentar no mesmo palco com os grandes ídolos do mundo do Pop Rock da época. Janis instintivamente sentiu que aquele era o seu momento, porque nunca mais viria a ser tão vibrante, elétrica ou mais triunfante.

Vê-la pela primeira vez foi uma experiência inesquecível.

Sua voz rascante, dilacerava tanto seu próprio corpo e as notas de sua música, algo violento e indescritível que brotava furiosamente em seu interior e assaltava a plateia levando-a ao delírio e fazendo vibrar cada nervo.

Sua energia primal e elétrica era absolutamente incrível, estonteante mesmo.

De Monterey, como um meteoro, Janis disparou numa explosão para tornar-se um fenômeno mundial.

Com uma imagem exterior que, num primeiro olhar chegava a ser agressivo e selvagem, uma força incontrolavel, que parecia vir das entranhas da terra, num segundo, num sutil lance quase imperceptível, transformava-se num ego, vulnerável, sensível e essas duas forças antagônicas, ambas brilhando, gritando, lutando e interagindo o tempo todo, uma alimentava a outra.

"Piece of My Heart" e "Summertime" - "Ball and Chain" e "Me and Bobby McGee" - cada uma apresentava uma faceta diferente de uma joia rara, uma intérprete tremendamente única e assim como era única cada nota que saia de sua garganta poderosa.

Janis viveu como uma chama ao vento - sempre na maior intensidade. O que alimentava sua chama, é claro, era o seu talento brilhante, não uma coisa placida, que pudesse ser medida, dimensionada, analisada; mas uma coisa viva, incontrolávelmente visível e audível na execução.

Não, ela não era um um talento tranquilo, mas um poder robusto, sólido, vigoroso e admirável, uma explosão de criatividade.

Ela honrou esse talento e alimentou-o até cada _ última _ gota de energia física e emocional de que dispunha.

O resultado disso tudo, o efeito, é inegável - uma força tão devastadora que arrastava sua alma a uma tensão suprema, à fadiga, exaurindo sua resistência, até os limites da capacidade humana.

Mas ela era humana, um ser humano; dotado de um talento inegavel, é verdade, também é verdade que ela poderia ter vivido mais. Mas também é verdade que, talvez sua chama tivesse se apagado com menos intensidade, de forma menos incendiária.

O vento em que ela cantou foi o vento dos anos 60, uma década sem precedentes em termos de gritos e lutas por liberdade, uma década marcada por uma juventude em busca de um mundo que não se resumisse à guerra e ao consumismo.

Osventos daqueles tempos foi um vento que soprou para longe teias de aranha e preconceitos aos milhares, mas também, foi terrivelmente cruel para aqueles que ficaram expostos e não tentaram se esconder.

Janis cantou no olho do furacão.

Ela não se limitou a "cantar" uma música - ela à devastava, rasgando-a, dilacerando-a, e sua alma explodindo no próprio cantar. E súbitamente, num inexperado momento, no momento certo, ela se tornava incrivelmente suave, acariciando cada palavra, cada nota, com uma ternura e suavidade que causavam uma catarse coletiva.

A energia de uma vida inteira, Janis colocou em poucos anos. Janis "ao vivo" poderia cantar desafiando soberba o pior vendaval. Ou começar tudo de novo se a tempestade se transformasse, inesperadamente numa lágrima, num silêncio.

Os registros, gravações destes momentos extremos de suas performances são seu testamento. Ao ouvi-los agora, eles não inspiram apenas admiração ou simples aplausos simples; mas... pasmo, literalmente um choque.

Ninguém consegue ficar indiferente ou mesmo impressionado pelo fato de que um ser humano - sim, extremamente dotado e talentoso, mas ainda assim um pequeno e frágil ser humano uma mulher - pudesse dar tanto.

CLIVE DAVIS - PRESIDENTE DA COLUMBIA RECORDS, NO ENCARTE DO ALBUM PÓSTUMO "JOPLIN IN CONCERT" ATÉ HOJE UM DOS CINCO DISCOS MAIS VENDIDOS DO PLANETA E O SEGUNDO ALBUM DUPLO MAIS VENDIDO.

"Há um fogo dentro de cada um de nós

é melhor você se queimar, fazer uso dele agora

Eu tenho que sustentar essa chama viva , yeah

É melhor eu mante-la acesa enquanto eu puder...

enquanto ela ainda arde... pois não sei se amanhã

não será o dia em que eu vá morrer,,,"

JANIS JOPLIN - Durante concerto ao vivo em Calgary, Canada, uma semana antes de sua morte à 4 de outubro de 1970 num quarto de hotel em Holliwood, onde estava gravando "PEARL" seu último album, cuja faixa incompleta (sem sua voz), tornou-se seu perfeito epitáfio.

BURRIED ALIVE IN THE BLUES (Enterrada viva nos Blues)

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